sexta-feira, 14 de outubro de 2011

É a temporada da decepção no futebol virtual - Kotaku Review

Retirado de - http://www.kotaku.com.br/conteudo/e-a-temporada-da-decepcao-no-futebol-virtual/

O colega Owen Good tinha razão. Acho que não vale mais a pena analisar os jogos de esporte. Mas a rivalidade entre FIFA e Pro Evolution é grande demais para ser ignorada.

Eu joguei as novas versões de ambas as séries e decidi escrever sobre a situação atual dos nossos jogos de futebol. E lembrar de como os dois jogos foram uma decepção, embora por motivos completamente diferentes.

Pro Evolution Soccer 2012

Deus do céu, que várzea. Antes uma simulação absurdamente precisa do esporte real, Pro Evolution foi caindo no quadro de vendas e viu seus produtores patinando, inventando malabarismos e soluções mirabolantes numa tentativa desesperada de manter a relevância.

Com a mecânica de passes pingue-pongue, um bola que rola como uma bexiga (e na hora do chute parece estar cheia de papel molhado) e uma animação um pouquinho melhor do que na era PlayStation 2, PES 2012 me deu uma sensação estranha. Eu não estava mais jogando Pro Evolution. Estava jogando Virtua Striker 2012, uma versão travada, um futebol arcade que é tão legal quanto entrar no campo da vida real com a perna engessada e uma bola de chumbo.

PES ainda não tem licenças de torneios importantes, ainda tem jogadores que abrem a boca como os gloriosos Terrence & Phillip, de South Park, e ainda tem alguns dos piores comentaristas de todos os tempos [Nota do Kotaku BR: Luke se refere à versão em inglês; ainda não testamos a dublagem nacional este ano]. Este deveria ser o ano definitivo da irrelevância Pro Evolution, o ano em que você o colocaria para escanteio. Mas não é. Porque, surpreendentemente, FIFA também trouxe algumas decepções.

FIFA 12

É uma decepção relativa, é claro. FIFA continua sendo não só o melhor jogo de futebol da Terra, mas o melhor jogo de esportes da Terra, ponto final. A apresentação estilosa, a preocupação com os detalhes e uma busca autêntica por melhorias significativas a cada ano colocam a série muito acima de Madden, por exemplo, que tem fama de ser “preguiçosa”.

Em 2011, porém, FIFA tropeçou. Sua maior novidade, a tal “engine” física responsável pela colisão entre jogadores, parece um fracasso. Apesar de a versão final estar livre dos bugs magníficos que já vimos, ela ainda sobre de problemas sérios, o que dá a impressão de “novidade pela novidade”, e não uma tentativa de melhorar as coisas.

Os jogadores trombam, continuam trombando, trançando os ombros e pernas como bêbados num boteco procurando briga – enquanto a bola passa, ilesa, entre eles. Em alguns lances, um desarme vai fazer seu jogador desabar, como se existisse um sniper no topo do estádio distribuindo headshots pelo campo. E depois de cair, o seu atleta profissional leva uns 10 segundos para se levantar.

É frustrante porque não é nem um pouco realista, e isso contraria tudo o que FIFA vem buscando nos últimos três ou quatro anos. O jogo seria muito melhor sem essa invenção.

O novo sistema defensivo é… interessante. Mas envolve tantos botões entre o momento do desarme e a retomada da bola que eu precisei desligar e voltar ao esquema tradicional. Os novos menus são mais bonitos, mais rápidos e funcionam muito bem para a jogatina solo, mas outras opções de jogo acabam ficando soterradas na tentativa ridícula da EA de criar marcas (o tal “branding”). Se você não trabalha na equipe de marketing da EA, vai precisar traduzir os termos até entender cada um deles.

Mas o que mais me decepcionou em FIFA 12, porém, foram os pequenos detalhes. Parece que existem mais bugs e falhas na inteligência artificial, o tipo de problema que passa despercebido nas primeiras cinco horas, mas que passa a incomodar demais nas próximas 50.

Os atacantes têm o instinto de evitar a grande área como se ela fosse um ninho de cobras. Por algum motivo, em alguns lances o jogador mais próximo da bola não é acionado automaticamente, resultando em situações bizarras (e frustrantes) em que uma bola sobra a dois metros do campeão e ele fica parado olhando. Os lançamentos parecem ter piorado, e continuam sendo um quesito que FIFA poderia aprender com PES.

E esse é o tipo de coisa que acaba com você ao longo de uma temporada ou mais. Aqueles momentos infernais, de jogar o controle na parede, o que geralmente pode ser a diferença entre vitória e derrota. E isso acaba com você porque está fora do seu controle, e não há nada pior num jogo de esportes do que uma inteligência artificial cretina. Perder para um time melhor? OK, faz parte. Mas perder com um gol contra causado por bugs na física do jogo já é tortura.

Antes de você reclamar

Eu não odeio FIFA 12 e, como eu disse, minhas reclamações com o jogo são relativas. Ele é um ótimo jogo de esportes, e tem uma incrível estrutura online que filtra melhor as partidas e coloca você contra os adversários apropriados. Se você me perguntasse qual jogo de futebol você deve comprar neste fim de ano, eu daria risada. E depois diria “Pegue FIFA, é um jogo ótimo”.

Mas se você já gostava de FIFA, eu diria para continuar em FIFA 11. O jogo do ano passado não tem o sistema estúpido de colisões e conta com uma inteligência artificial melhor - fato meio raro nos jogos de esportes.

E Pro Evolution? Por favor, Konami, chega de sofrer. Fique um ano sem lançar nada e depois volte com um produto melhor, mais refinado e que seja capaz de resgatar suas raízes de futebol hardcore. Do contrário, nem precisa voltar.

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